segunda-feira, 29 de março de 2010

série: passeios

coisa entranhada nas vísceras. dor de cabeça, cachaça e cerveja escura. falta de cigarro, de sono. movimento involuntário: encher novamente um copo que ainda nunca acabou. movimento involuntário: rastejar os olhos na prateleira, nove anos de leitura atrasada, esfregar os dedos nas lombadas dos livros até achar fungos que respirados sacralizem o Poema e a Noite.
chuva infinita: lagoas nas ruas, corrida de barcos de papel, água noturna invisível aos montes brilham nos postes, barulho selvagem escorre calçadas, ruas, folhas, telhado: impedimentos de medo do apocalipse. nenhum cachorro, nenhum carro, nenhum rumor de nada. o vento assovia sua canção de uivo. dança da chuva: nu na rua-lagoa girando a ciranda, enxarcando a alma, tecendo dentro de mim o desejo de despertar para um mundo simples, difícil de imaginar. pára o tempo em transe. horas e horas e horas.

movimento involuntário: levantar da cama, ir ao outro cômodo e desligar o despertador.

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