terça-feira, 19 de agosto de 2008

duas faces



No meio da ponte da cidade azul
a lua resplande no Rio Tubarão
e de lá recolhe
o pouco do tudo pra continuar
cheia de encantamentos
abre todo seu brilho
corre o verde rio
e vai se perder na usina.

Vem às dez da noite o pequeno vagão
as luzes acesas nos trilhos
um ritmo vago
de um tempo perdido de ferro e carvão
corta a cidade
pelo seu coração
segue seu rio
seguido do som da buzina.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

série: passeios

eu ando por aí cometendo os erros e errando sempre em direção ao lugar que me pertence. sou assim um viajante, pois assim me sinto todo dia. conhecendo, descobrindo, andando ou parado. vasculhando os poços, as frestas, o fundo do armário, mas também sem sair do lugar. Assim respiro o ar da manhã e sei dizer se é inverno ou verão.
como todo o viajante me perco. perder-se é o orgulho de andar com os próprios pés e poder tropeçar. é saber que depois posso levantar, sacudir a poeira das minhas roupas e assoviar uma canção . de qualquer forma, tudo isso que sou eu sabe ou aprende a saber os perigos existentes nos diversos caminhos. E de tanto experimentá-los, cedo ou tarde, conseguimos trilhá-lo sem as possíveis dificuldades.
a verdade é esse diamante de todos os lados do qual a princípio se pode ficar com todos.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

série: passeios

dormi, sonhei, acordei. era a hora certa para acordar. o despertador toca Liszt para amenizar o interromper dos sonhos, mas só um trecho celulítico. imprimindo a mesma calma do concerto de celular que ouço, talvez um pouco muito diferente do que seria ver ao vivo uma orquestra, ou ainda ouvir um CD-disco-MP3, a música completa e não sequenciada, enfim, a verdade sobre a realidade, não me levanto. apenas programo a mesma música novamente, para daqui a meia hora, uma hora, depende do dia, do cansaço, do humor e do meu bom senso. Liszt estaria feliz comigo acho.
entre um acordar e outro, existe você dormindo ao meu lado um sono justo e sincero. ao meu lado, um anjo dorme lindamente todas as manhãs e nada mais posso fazer do que cobri-lo de beijos.
depois, trabalho.

sábado, 9 de agosto de 2008

série: passeios

as luzes estão apagadas, frio, chuva. o barulho nas escadas, o silêncio nada mudo dos outros aposentos. barulho das coisas ligadas, o barulho dos meus dedos digitando algo que poderia ser narrativa, poema, ficção, mas que, sem nenhum motivo poderia se transformar em uma carta, um manifesto, uma confissão, apenas revelam minha inquietude, a insanidade que me perturba, o meu enjôo, o meu peso ou ainda o apenas peso. os olhos não sabem o que procurar, o corpo não tem referência e está deslocado, sem senso de direção, enquanto a mente povoada de seres que não saberia (re)conhecer concentra-se no nada mais uma vez para nada dizer mas sem saber se para ficar silêncio

série: passeios

por onde começo?
pelo mais fácil.
e depois?
depois
descanso.

série: passeios

talvez esse momento não exista e não possamos acreditar esperar confiar no dia em que o pensamento vai se concretizar em uma ação isso porque não são os dias e sim nós que temos que fazer o que precisa ser feito dito assim desse jeito não parece um raciocínio muito difícil e isso porque não é já que o pensamento está formulado embora a ação não nem pra uns não nem pra outros mas apenas o que precisamos discutir não precisamos mais e o que precisamos não discutir é uma mancha escondida atrás do armário