segunda-feira, 22 de outubro de 2007

o silêncio no escuro.




ouço silêncio no escuro da noite
ouço meu coração bater,
ouço a terra girar,
nenhuma palavra sua.

ouço silêncio no escuro da rua
ouço os passos e os ruídos
estavam ali antes dos passos
estavam ali como lembrança,
somente.

ouço as palavras do silêncio,
o não-dito que se magoa
os ditos que se arrependem

ouço silêncio
o não dito se solidifica
os ditos não pedem parto


ouço a morte deitado no quarto
sussurrando silêncios a ouvidos alheios
sem capa preta nem foice, sem matéria,
sem nada.


ouço vocês.
suas agonias perversas
seus pesadelos,

ouço-os pedindo aquilo que desejam
ouço-os fazendo aquilo que não gostam

ouço-os em silêncio
ouço a morte
ouço o silêncio no escuro do mundo.

Um comentário:

Sheyla Fernandes disse...

Ouvir a morte. Você não teve apenas que ouvi-la. Teve que ir vê-la com os próprios olhos.

Sempre precisando conferir com os próprios olhos...

Quando fazemos isso o que resta é apenas o silêncio no escuro. E nada mais.